
Mulher
Sigo o caminho, como se para lá do próximo passo apenas outro passo se desenhasse. Percebo que o futuro caminha apenas mais à frente, e que as recordações são sombras que se refletem nas minhas costas. A Lua e o Sol dançam, na suavidade de uma música que alterna entre o dia e a noite, sucedendo-se, como passo de dança, num ritmo constante. As estrelas acendem-se e apagam-se, como se fossem luzes de discoteca, que ao ritmo do bailado derivam nesta tela.
Ouves-me, e mesmo quando não digo nada sabes que estou aqui, sentado nesta cadeira de baloiço onde a cada fim de tarde venho para te ver adormecer, sou o teus próprio silêncio, quando não te atreves a brilhar sobre o escuro manto da noite. Sou a tua presença quando os raios de Sol te fazem escolher o branco imaculado da tela para te vestires. Sou a tua palavras, quando num grito surdo sobre o papel duma carta te deitas em mim.
Sabes mulher, és poesia eterna, contentamento descontente que em meus braços se entrega. És o Sol, ou o seu reflexo na pálida Lua de Inverno, que estando presente não te vemos. És deusa em tua divina beleza, és oceano na magnitude da sua profundeza, és berço que o Homem embala, mas acima de tudo és palavra, pura e delicada que como flor em plena Primavera, se entrega nos braços de uma abelha
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